História: **PapelTransporte**
PapelTransporte
João sempre gostou de escrever. Desde pequeno, ele tinha o hábito de anotar seus pensamentos, ideias e sonhos em um caderno que ele chamava de PapelTransporte. Ele não sabia por que escolheu esse nome, mas achava que tinha algo a ver com a sua imaginação.
Um dia, ele teve um sonho estranho. Ele sonhou que escrevia no PapelTransporte um ano, uma data, e em minutos ele se encontrava nessa exatamente data e o local mudava, pessoas e locais. Ele ficou fascinado com essa possibilidade de viajar no tempo e no espaço, e decidiu experimentar na vida real.
Ele pegou o PapelTransporte e escreveu: 10 de junho de 2016, Lisboa. Ele esperou alguns segundos e sentiu uma tontura. Quando abriu os olhos, ele estava em uma praça cheia de gente, bandeiras e música. Ele reconheceu o lugar como a Praça do Comércio, onde acontecia a comemoração do Dia de Portugal. Ele viu pessoas felizes, vestindo as cores da bandeira nacional, cantando o hino e acenando para o presidente. Ele ficou maravilhado com a cena e quis explorar mais.
Ele andou pela praça, observando as pessoas, os monumentos, os barcos no rio Tejo. Ele sentiu o cheiro de sardinha assada, o gosto de pastel de nata, o som de fado. Ele se sentiu parte daquele momento histórico e cultural. Ele pegou o celular e tirou algumas fotos para guardar de lembrança.
Ele se lembrou de que tinha que voltar ao seu tempo, ao ano 2023-2024. Ele abriu o PapelTransporte e escreveu: 7 de fevereiro de 2024, Alcochete. Ele esperou alguns segundos e sentiu outra tontura. Quando abriu os olhos, ele estava de volta ao seu quarto, na sua casa, no seu tempo. Ele olhou para o PapelTransporte e viu que as palavras que ele tinha escrito tinham desaparecido. Ele olhou para o celular e viu que as fotos que ele tinha tirado também tinham sumido. Ele ficou confuso e assustado. Será que ele tinha sonhado tudo aquilo?
Ele decidiu tentar de novo. Ele escreveu no PapelTransporte outra data e outro lugar: 15 de julho de 2018, Moscou. Ele esperou alguns segundos e sentiu mais uma tontura. Quando abriu os olhos, ele estava em um estádio lotado, onde acontecia a final da Copa do Mundo de Futebol. Ele viu a seleção da França e da Croácia disputando o título mundial. Ele viu o gol de Griezmann, o gol de Mandzukic, o gol de Pogba, o gol de Mbappé, o gol contra de Mandzukic. Ele viu a França levantar a taça e a Croácia aplaudir. Ele viu a festa, a emoção, a glória. Ele se sentiu parte daquele momento esportivo e mundial. Ele pegou o celular e tirou mais algumas fotos para guardar de lembrança.
Ele se lembrou de que tinha que voltar ao seu tempo, ao ano 2023-2024. Ele abriu o PapelTransporte e escreveu: 7 de fevereiro de 2024, Alcochete. Ele esperou alguns segundos e sentiu outra tontura. Quando abriu os olhos, ele estava de novo no seu quarto, na sua casa, no seu tempo. Ele olhou para o PapelTransporte e viu que as palavras que ele tinha escrito tinham desaparecido. Ele olhou para o celular e viu que as fotos que ele tinha tirado também tinham sumido. Ele ficou mais confuso e mais assustado. Será que ele tinha sonhado tudo aquilo?
Ele decidiu tentar mais uma vez. Ele escreveu no PapelTransporte outra data e outro lugar: 1 de janeiro de 2100, Nova Iorque. Ele esperou alguns segundos e sentiu a última tontura. Quando abriu os olhos, ele estava em uma cidade futurista, onde tudo era diferente. Ele viu carros voadores, robôs inteligentes, prédios gigantescos, telas holográficas. Ele viu pessoas usando roupas estranhas, implantes cibernéticos, óculos de realidade virtual. Ele viu o mundo mudar, evoluir, transformar. Ele se sentiu parte daquele momento visionário e tecnológico. Ele pegou o celular e tirou as últimas fotos para guardar de lembrança.
Ele se lembrou de que tinha que voltar ao seu tempo, ao ano 2023-2024. Ele abriu o PapelTransporte e escreveu: 7 de fevereiro de 2024, Alcochete. Ele esperou alguns segundos e... nada aconteceu. Ele não sentiu nenhuma tontura. Ele não voltou ao seu tempo. Ele olhou para o PapelTransporte e viu que as palavras que ele tinha escrito não tinham desaparecido. Ele olhou para o celular e viu que as fotos que ele tinha tirado não tinham sumido. Ele ficou desesperado e aterrorizado. O que ele tinha feito?
Ele percebeu que tinha cometido um erro fatal. Ele tinha ido muito longe, muito rápido, muito além. Ele tinha quebrado as regras do PapelTransporte. Ele tinha ficado preso no futuro. Ele tinha perdido o seu passado. Ele tinha arruinado o seu presente.
Ele começou a chorar e a gritar. Ele pediu ajuda, socorro, salvação. Mas ninguém o ouviu, ninguém o viu, ninguém o conhecia. Ele estava sozinho, perdido, esquecido. Ele estava condenado, sem volta, sem saída.
Ele olhou para o PapelTransporte e viu que ele tinha se transformado em um pedaço de papel em branco, sem nada escrito, sem nada transportar. Ele olhou para o céu e viu que ele tinha se transformado em uma tela negra, sem estrelas, sem lua, sem sol. Ele olhou para si mesmo e viu que ele tinha se transformado em um fantasma, sem corpo, sem alma, sem vida.
Ele tinha se tornado uma história, uma lenda, um sonho.
Fim.
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